Mais de 48 mil pessoas já foram diagnosticadas com cânceres relacionados à exposição tóxica após o ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, superando o número de vítimas fatais da tragédia. Os dados são do Programa de Saúde do WTC, citados pelo New York Post, e refletem as consequências de longo prazo enfrentadas por socorristas e sobreviventes quase 25 anos após o atentado.
Segundo o levantamento mais recente, até março de 2025, 48.579 pessoas — entre bombeiros, policiais, paramédicos e civis — receberam diagnóstico de câncer em decorrência da exposição a substâncias tóxicas liberadas durante o colapso das torres e nos trabalhos de remoção de escombros no aterro de Fresh Kills, em Staten Island.
Os tipos de câncer detectados são diversos, incluindo pele, próstata, mama, melanoma, linfoma, leucemia, tireoide, rim, pulmão e bexiga. O número de casos aumentou 143% nos últimos cinco anos, o que especialistas atribuem tanto à exposição prolongada a toxinas quanto ao envelhecimento da população afetada, que agora se encontra, em sua maioria, na faixa dos 50 a 60 anos.
Entre os atingidos está John DeVito, policial aposentado da NYPD, que trabalhou no Marco Zero e no aterro sanitário sem equipamento de proteção adequado. Diagnosticado com câncer de esôfago em 2020, DeVito passou por várias sessões de quimioterapia e cirurgia. “Todos disseram que tudo estava seguro”, relembra ele. Hoje, ele é avô de Charlotte, de apenas um ano.
Outro caso emblemático é o do também policial aposentado Glenn Taraquinio, diagnosticado com câncer de próstata. Ele relata que a poeira no local era intensa e visível. “As máscaras ficariam pretas em uma hora”, afirma. Sua história reforça a sensação de desinformação e descaso inicial com os riscos ambientais após os ataques.
A paramédica Ivonne Sanchez, diagnosticada com câncer de mama em 2013, e o capitão aposentado Phil Rizzo, que recebeu diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço em 2023, também lutam contra doenças graves decorrentes da exposição. Ambos se preparam para viajar a Washington, D.C., com o objetivo de pressionar o Congresso por assistência médica contínua aos afetados.
Mesmo diante da crescente demanda por atendimento, o Programa de Saúde do WTC enfrenta incertezas financeiras. Em 2024, o Congresso dos EUA excluiu o financiamento do programa do orçamento federal, colocando em risco a assistência a mais de 137 mil pessoas que dependem dos serviços médicos.
A decisão foi duramente criticada por líderes sindicais e políticos, incluindo os senadores Chuck Schumer e Kirsten Gillibrand, que exigem uma solução urgente para manter o programa. Para os atingidos, a omissão governamental representa uma segunda traição, após anos de sacrifício e promessas não cumpridas.
Enquanto isso, os socorristas continuam lutando — não apenas contra as doenças, mas também por reconhecimento, justiça e cuidado adequado. A história que começou em 2001 ainda não terminou, e os desdobramentos da tragédia seguem impactando milhares de vidas.